Talento Vivo

Talento Vivo

Esta página tem como finalidade comentar o trabalho de algumas pessoas talentosa que vivem em nosso meio artístico, mas que nem sempre recebem a devida atenção por parte do público. Alguns já contam com fã clube e muitos seguidores e todos são merecedores de todas as homenagens.

 

Categoria: Radialismo

 

ROGÉRIO SILVA, O PROFESSOR NAS ONDAS DO RÁDIO

José Neres

 Fonte da imagem: Rede social do homenageado

            Apesar de ser atualmente considerado por algumas pessoas como algo obsoleto e praticamente sem futuro, o rádio é e continua sendo um dos mais importantes meios de comunicação e de divulgação de notícias e de ideias, pois ele, por suas características peculiares, permite que as informações cheguem aos ouvintes de forma ágil, permitindo interação entre as partes interessadas e a discussão de acontecimentos de modo prático e rápido, com possibilidade de corrigir distorções em poucos minutos, sem prejudicar o andamento da programação.

            Porém, no lugar de seguir as previsões dos fatalistas, o rádio acabou se renovando e hoje, além de ocupar as ondas chamadas tradicionais, divide o espaço com outras mídias eletrônicas e, com o advento da internet e dos aplicativos, acabou eliminando as limitações espaciais e hoje as pessoas em qualquer lugar do mundo podem sentir-se mais ligados à própria aldeia. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, rádio não é coisa de gente velha ou de gente desocupada, é, sim, um mecanismo extremamente útil e prático para quem deseja ficar bem informado.

            Eu tive a honra de ter parte de minha educação, tanto a formal quanto a informal, implementada pelo contado com as ondas do rádio. Ainda garoto em Brasília e depois em Goiás, desde as primeiras horas da manhã me acostumei a ouvir os noticiários, acompanhar o lançamento dos grandes sucessos e de músicas que se diluíram com o passar do tempo. Acompanhei atentamente grandes comunicadores como Edelson Moura, Márcia Ferreira, Mário Eugênio, Afanásio jazadji, Haroldo de Andrade, Eli Correia, Zé Béttio e também aquele que, pelo menos para mim, tinha a bela voz da rádio brasileira, o carismático Waldir Azevedo.

            Quando voltei para minha terra, nos primeiros anos acompanhei a programação das emissoras locais. Muitas vezes ouvi apresentadores como Ruy Dourado, Ivson Lima, Frank Mattos, Renato Sousa, Keyla Roberta, Roberto Fernandes, Kym LopesLeila Araújo, Robson Nery e tantos outros nomes que sempre trouxeram alegria e informação ao povo.

            Essa admiração pelo rádio talvez tenha sido a força motriz que me levou a cursar Comunicação Social com habilitação em Radialismo. Por diversas razões, não dei prosseguimento ao curso e enveredei por outros caminhos. Por conta dos afazeres do dia a dia, passei um bom tempo sem acompanhar os programas da minha terra. Recentemente, voltei a ouvir rádio, participei de diversos programas em várias emissoras e vi que há pessoas de grande qualidade fazendo um belo trabalho. Entre esses nomes está o do apresentador e produtor Rogério Silva.

            Não conheço Rogério Silva pessoalmente. Cheguei a seu programa matinal quase por acaso em um daqueles momentos em que toca uma música dissonante e você procura outra emissora para fugir desses acidentes acústicos. Cheguei então à Rádio São Luís, antes da fusão com a gigantesca Jovem Pan. Gostei do estilo do apresentador e de lá para cá, sempre ouço seu programa e o de outros apresentadores dessa e de outras emissoras, como é o caso do Henrique Pereira, Marcus Saldanha, Gisa Franco, Renato Júnior e outros que fazem companhia diariamente à população, prestando bons serviços à comunicação local.

            Ocupando um horário de grande audiência, Rogério Pereira divide seu programa em diversos blocos que têm como objetivo levar informações úteis às pessoas e, ao mesmo tempo, estimular a participação de seus ouvintes, que contribuem com informações sobre trânsito, acontecimentos e travam constantes debates, nos quais cada um pode dar sua opinião, que nem sempre é a mesma do apresentador, mas que é ouvida e pode ou não ser discutida e/ou refutada, mas que sempre encontra seu espaço.

            Mostrando-se extremamente à vontade diante do microfone, o apresentador não se furta a dar sua opinião sobre fatos polêmicos e muitas vezes atrai a ira de quem não concorda com suas ideologias. Atualmente, Pereira começa seu programa denominando-se professor e fazendo a chamada nominal de alguns dos ouvintes mais participativos e que sempre enviam mensagens. Essa estratégia faz com que os fãs se sintam valorizados e ao mesmo tempo permite uma interação mais direta com os participantes, que enviam informações sobre trânsito e discutem as principais notícias do dia.

            A principal qualidade de Rogério Silva é saber respirar fundo na hora que é ofendido e saber separar as opiniões gerais daquelas que são dirigidas diretamente para sua pessoa com o intuito de questionar seus preceitos e concepções. Acusado muitas vezes de ser legalista e de defender os chamados “donos do poder”, o locutor no lugar de vociferar contra os detratores, limita-se a soltar sonoras gargalhadas e ironizar sobre essas visões quase sempre estereotipadas. Outra característica que deve ser destacada é o fato de o locutor sempre tentar resolver problemas que afetam a comunidade, com falta de água, má sinalização das vias públicas, descaracterização do patrimônio e tantos outros descasos que incomodam os moradores.

            Na tentativa de dirimir dúvidas coletivas, Rogério Pereira constantemente leva autoridades constituídas a seu programa e as entrevistas deixas de ter um tom monológico ou autocrático para constitui-se em uma tribuna na qual o povo pode questionar seus representantes e sugerir soluções para problemas que precisam ser solucionados.

            De segunda a sexta, o professor Rogério Pereira Silva faz sua chamadas e ministra suas aulas sobre atualidades. Seus alunos não apenas aprendem passivamente, mas também dão lições ao mestre e marcam sua presença buscando a construção de um mundo melhor para todos. Se às vezes há exaltação, o respeito deve reinar nas ondas do rádio, nos aplicativos da internet. O importante é que que todos tenham direito a expressar suas opiniões.

 

Categoria: Dramaturgia

 

DOMINGOS TOURINHO, Talento em cena

por Linda Barros*

 

       O teatro maranhense muito pode se orgulhar de ter em seu cenário um dos maiores nomes das artes cênicas da atualidade: Domingos Elias Tourinho, mais conhecido no meio artístico como Domingos Tourinho.

      Ator, diretor, produtor cultural e professor de Artes Cênicas, Tourinho nasceu em São Luís e desde muito cedo recebeu influência de sua mãe, que sempre “fazia comédias na Fábrica do Rio Anil e eu gostava de representá-la”, assim disse ele ao contar um pouco de sua história.

     Na convivência com o mundo encantado do teatro, Domingos Tourinho montou seu primeiro espetáculo, na década de setenta do século XX, chamado O Caso dos Pirilampos, com texto de Maria Clara Machado, pelo CEMA (Centro de Ensino do Maranhão). Nessa época, havia os festivais de teatro do CEMA, que servia para revelar talentos e mostrar ao público novos atores e diretores. O Espetáculo foi premiado nas finais, que aconteceram no Teatro Arthur Azevedo. Anos depois o talentoso ator e diretor entrou para o LABORARTE - Laboratório de Expressões Artísticas, ficando na instituição por  pouco mais de um ano.

    Hoje parece difícil de acreditar, mas, na juventude, Tourinho era muito tímido e acanhado. Motivo pelo qual ele resolveu fazer cursos de teatro. Não demorando muito,  chamaram-no para um grupo artístico no bairro Anil, chamado GETEL (Grupo de Teatro Livre). A partir de então, as oportunidades começaram a surgir, chegando a dirigir um espetáculo para a Semana Santa, chamado Os Dez Mandamentos.

      Sobre a arte de representar, Tourinho diz que o teatro facilita muito no que diz respeito a adquirir conhecimento técnico e teórico, afirmando ainda “que não há nenhum progresso se não for através do estudo, de cursos que possibilitem o aperfeiçoamento”

     Tourinho é um dos fundadores da COTEATRO – Companhia Oficina de Teatro – que é uma sociedade cooperativa de atores maranhenses criada em agosto de 1989. essa companhia  prioriza a pesquisa de linguagens cênicas e valoriza o universo regional.

     Dono de muitos recursos técnicos, Tourinho é o tipo de ator que encanta a plateia desde as primeiras cenas, seja por suas performáticas expressões corporais, seja por sua técnica vocal que costuma dar mais vida e vigor aos textos interpretados.

     Dentre suas principais trabalhos estão: O Auto da Compadecida; Os Mistério do Sexo; Restrés Pai D’Égua; O Castigo do Santo; Édipo Rei; Paixão Segundo Nós, peças muito elogiadas tanto pelo público quanto pela crítica.

            Domingos Elias Tourinho é atualmente um dos maiores representantes da dramaturgia maranhense.

 

* Linda Barros, é professora e atriz, especialista em Língua Portuguesa, em Dança Educacional e pós-graduanda em Artes Cênicas

 

 

 

Categoria: Poesia

 

VIRIATO GASPAR

José Neres

 

           No meio desta sociedade líquida, tão bem estudada por Zygmunt Bauman, e deste mundo em rede, uma verdadeira galáxia virtual, como diz o espanhol Manuel Castells, de repente nos vemos diante de uma tela de computador ou de smartphone cercados de pessoas que existem (ou não) no mundo real, contudo que nem sempre se carnificam, corporificam, materializam ou se poetificam em gestos, abraços, sons ou palavras.

           Eis que, de repente, lendo/vendo as mensagens, postagens fotos e picuinhas ideológicas, eu me deparo com um nome que faz muito tempo frequenta minhas leituras: Viriato Gaspar. Vou à estante e separo os dois livros que tenho de sua autoria: Onipresença (1986) e Sáfara Safra (1994). Releio com atenção os sonetos do primeiro e os versos multiformais do segundo. Eis que:

 

de repente a paisagem fica louca

e me escarra seu bafo de agonia.

minha alma tira a roupa e fica oca

na nudez da existência mais vazia. (Onipresença, p. 39)

 

         São versos da melhor espécie, escritos por quem domina a palavra e sabe que a imagem poética deve ser trabalhada com a paciência de um ourives, como nos ensinou o sábio Olavo Bilac.

        Apesar de talvez não ter seu nome hoje muito divulgado, nosso escritor já conta com uma razoável fortuna crítica, assinada por intelectuais de grande valor. Ao publicar sua antologia Poesia Maranhense no Século XX, o crítico e romancista piauiense Assis Brasil elogiou não apenas a capacidade técnica de Gaspar, como também sua densidade poética. A professora é escritora Arlete Nogueira da Cruz disse em um de seus livros que Viriato Gaspar é seguro em “sua linguagem poética e que procura construir seu verso com dignidade”. A densidade de seus conteúdos e sua preocupação estética são elogiadas também pelo crítico e professor Carlos Cunha em seu livro As Lâmpadas do Sol.

           Viriato Gaspar é desses poetas que encantam o leitor desde os primeiros versos de seus livros e que consegue manter o encantamento até a última linha da última página. Seus poemas parecem seguir também os preceitos de Ezra Pound: trabalha a musicalidade (melopeia), constrói imagens com sua arquitetura lexical (fanopeia) e coloca conteúdo em seus versos, exigindo dos leitores certo trabalho para penetrar nos meandros dos conceitos e das ideias trabalhadas (logopeia), mas tudo isso sem a ostentação verborrágica em busca de palavras difíceis que apenas demonstrem erudição. Sua poesia é límpida, mas, como sabiamente já advertiu o professor e crítico Antônio Carlos Secchin, a claridade também é capaz de cegar. Dessa forma, é preciso tomar cuidado com os versos de Viriato Gaspar, eles enganam quem acredita que ler um poema é apenas se encantar com o ritmo dos versos e mergulhar em um mar de sentimentos facilmente digeríveis. Nada disso há na obra desse vate maranhense nascido em 1952 e que tem e teve como companheiros de geração nomes como Luís Augusto Cassas, Valdelino Cécio, Raimundo Fontenele e Chagas Val, dentre outros.

                Há alguns anos, um colega pediu emprestado o Sáfara Safra e deve ter gostado tanto dos versos que nunca me devolveu o volume. Não sou de cobrar ninguém. Então saí garimpando pelos sebos da cidade até reabastecer minha estante com essa importante obra. Trata-se de um livro solar, com começo, meio e fim bem articulados e com uma verve poética que poderia sair da lavra de um cultor das palavras e dos versos. Prefiro os poemas curtos pela economia de palavras e pela profundidade das imagens, como e o caso do estilizado hai-cai A Fagulha, dedicado a Kobayashi Issa), que diz:

 

um pássaro – seu brusco

relâmpago em susto

 

Mas é impossível ficar indiferente a poemas um pouco mais longos como A Carta (p. 143) e O Só Brado (133), além de outros de fazem os olhos do leitor inundarem de felicidade (pela construção dos versos), de angústia (por conta de alguns temas) ou de espanto (por algumas soluções poéticas inusitadas). Mas sempre encanta.

Olvido (esquecimento) é uma das palavras recorrentes na obra desse maestro da palavra. O olvido é uma das marcas de nossos tempos pós-modernos. Ele faz com que talento seja engolido pela efemeridade e por obras midiáticas sem a devida profundidade. E neste fast food cultural em que vivemos pode-se esperar quase tudo, menos que a obra de um autor com esse talento tenha a ressonância que merece.

No meio dessa galáxia de contatos virtuais, não lembro se conheço pessoalmente a Viriato Gaspar, mas conheço parte de suas obras, e disso muito me orgulho. Então com este simples texto presto minha homenagem a esse excelente poeta, para quem deixo meus aplausos.

 

 

 

Categoria: Música

CLAYBER ROCHA

José Neres 

Músico de grande talento e cantor de voz suave e muitos recursos vocais, Clayber Rocha é o tipo de artista que não precisa de um caminhão de aparatos técnicos para conseguir segurar seus admirados em um show. Para ele basta um violão afinado, um bom repertório e sua voz. Pronto! está garantida a diversão.

Artista que toca na noite e que vem conquistando aos poucos seu espaço, Clayber Rocha é mais conhecido por suas vertiginosas atuação ao violão, instrumento do qual consegue tirar soluções inovadoras para composições que já foram cantadas por uma multidão de outros artistas. Algumas de suas interpretações deixam a plateia embevecida. Há quem tente acompanhar seus acordes, mas há também quem fique em silêncio, bebendo todas as notas que saem das cordas do violão o da melodiosa voz do cantor. No final, as palmas são inevitáveis. Em certos momentos, esse músico maranhense leva seu público às lagrimas; em outros, arranca múltiplos sorrisos de admiração.

Clayber trilha por todos os ritmos musicais com competência e desenvoltura, mas evita passear por alguns terrenos nos quais não se sentiria à vontade. Dessa forma, que acompanha seus shows percebe que há um carinho especial à escolha das músicas e à conformação dos arranjos. A mescla de ritmos agrada a todos os que querem fugir do popularesco, mas que fazem questão de permanecer no popular. Seu repertório traz tanto a nostalgia dos tempos áureos quanto a riqueza do contemporâneo. O músico parece pinçar de cada época o que ha de melhor e brinda seu público com verdadeiras pérolas.

São antológicas, por exemplo, suas interpretações pessoais de Love me Tender (imortalizada por Elvis Presley) e Yo Camelo (de Adriah Esteves), mas também são belíssimas suas incursões pela obra de Tom Jobim, Edu Lobo e de tantos outros compositores nacionais ou não. 

Mesmo com o domínio da voz, Clayber prefere tocar a cantar, e dos acordes de seu violão já saíram pérolas como Malagueña, Aquarela do Brasil, Tico Tico no Fubá e tantas outras belas composições.

Acompanhe abaixo três interpretações desse artista que merece nossos aplausos.

 

 

Categoria: Humor

TEDD MACC

José Neres

 

Há um bom tempo, o ator Tedd Mac vem investindo da difícil tarefa de levar as pessoas ao riso sem cair nos clichês tão comuns nessa atividade e também tentando deixar algum tipo de mensagem para um público que, pelo menos durante alguns minutos, tenta se desvencilhar dos problemas mundanos.

Mas como bom humorista, Tedd Mac sabe que os problemas e as dúvidas acompanham as pessoas até mesmo nos lugares mais inusitados. Então, nada melhor do que utilizar seu talento nato para despertar em sua plateia a sensação de que o riso possa ser um aliado na luta diária contra as adversidades. O antigo Ridendo Castigat Mores, que já foi mote de tantos ilustres homens de teatro, com Gil Vicente, Molière e Artur Azevedo é constantemente revisitado por esse jovem artista que brinca com situações do cotidiano, refletindo sobre atos que podem passar despercebidos pela maioria das pessoas.

É fácil perceber, seja nos stand-ups, seja nos esquetes postados na internet, que, em seus roteiros, não há uma preocupação apenas com o humor, mas há também um grande cuidado com o ser humano que tanto pode estar na plateia física quanto na virtual. Na composição de suas personagens, a caricatura faz contraponto com a necessidade de trazer à baila alguns questionamentos cotidianos e, do riso, arrancar reflexões.

Além de ter certa facilidade na construção dos textos, Tedd Mac também domina a técnica de posicionamento no palco, sabe movimentar-se com desenvoltura e consegue focar nos olhos das pessoas para perceber as reações e, a partir desse contato direto, imiscuir alguns cacos que enriquecem o momento e levam as pessoas às gargalhadas.

No vídeo/internet, o ator também demonstra muita segurança e trabalha a expressão corporal e a facial em sintonia com as necessidades do texto e com uma boa dicção, acompanhando o ritmo dos demais atores que porventura venham a contracenar com ele no esquete. Como bom profissional, Mac sabe respeitar o espaço de seus coadjuvantes, sem a necessidade de forçar uma sobreposição de sua imagem ou de suas falas sobre a das demais personagens.

Veja a seguir dois vídeos de Tedd Mac disponibilizados em seu canal no Youtube.

As aparências enganam

Cadê, André?